Consórcios ganham força como alternativa segura de investimento em cenário de juros altos

Crédito: banco de dados do Canva

Com a taxa Selic no maior patamar em quase 20 anos, modalidade se destaca entre todas as classes sociais como forma de aquisição planejada de bens ou utilização de crédito

O recente aumento da taxa Selic para 14,75% ao ano — maior nível desde julho de 2006 — reacendeu o debate sobre as alternativas de crédito disponíveis aos consumidores brasileiros. Com o custo dos financiamentos tradicionais elevado pela alta dos juros, o consórcio tem se consolidado como uma solução financeiramente vantajosa para a aquisição de bens e serviços de forma programada e sem incidência de juros.

Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) apontam que o setor segue em trajetória de crescimento. No primeiro trimestre de 2025, o volume de créditos comercializados alcançou R$ 105,38 bilhões, uma alta de 36,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. No mesmo intervalo, foram vendidas 1,23 milhão de cotas — número que só foi atingido em abril no ano passado.

O desempenho reflete uma mudança no comportamento do consumidor, cada vez mais atento ao impacto dos juros no orçamento. De acordo com pesquisa realizada pelo Google em parceria com a Offerwise, os consórcios aparecem entre os três produtos financeiros mais procurados por brasileiros em 2025, com 45% das intenções de contratação. O levantamento indica que, especialmente diante do encarecimento do crédito, o consórcio surge como uma opção viável para diferentes perfis de renda.

“Sem cobrança de juros, o consórcio permite que famílias das classes C, D e E adquiram bens com parcelas mais acessíveis do que as encontradas em financiamentos, o que amplia significativamente o poder de compra dessas faixas de renda”, afirma o Head de Serviços Financeiros e CFO do Grupo Bamaq, Pindaro Sousa. “Já para o público de maior renda, é uma forma de preservar o capital aplicado, evitando a descapitalização imediata para compra de imóveis, veículos ou serviços”, complementa.

Outra vantagem do consórcio é que não há cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras, IOF, presente em operações como empréstimos e financiamentos. A isenção dessa alíquota no consórcio, torna essa opção de aquisição mais econômica comparadas à outras opções de crédito.

Alternativa com confiança

Ao oferecer uma alternativa planejada de aquisição sem juros, o consórcio também tem sido visto como uma forma de investimento indireto. Participantes que não têm urgência para utilizar o crédito contemplado podem utilizá-lo estrategicamente, aproveitando oportunidades de mercado com maior poder de negociação à vista.

“Com os juros elevados, o consórcio se torna ainda mais competitivo frente ao financiamento. É uma forma inteligente de planejar aquisições sem pagar juros, com potencial de valorização dos bens adquiridos. Além disso, funciona como ferramenta de educação financeira, já que exige disciplina e visão de longo prazo”, destaca Sousa.

A confiança do setor também se mantém alta, conforme mostra o Índice de Confiança do Setor de Consórcios (ICSC), que atingiu 63,4 pontos em abril, segundo a ABAC. O indicador está acima da linha de otimismo e reflete expectativas positivas das administradoras em relação ao Sistema de Consórcios, mesmo diante das incertezas que ainda marcam o cenário macroeconômico.

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