De olho na fatura: mais de 600 mil buscas online revelam dúvidas sobre aparelhos que mais gastam energia

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Em um cenário marcado por oscilações tarifárias e pelo aumento do consumo de energia, o impacto de certos eletrodomésticos na conta de luz segue como uma preocupação constante nos lares brasileiros — sobretudo com o retorno da bandeira amarela em maio, que acrescentou R$1,88 a cada 100 kWh consumidos, segundo a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Não por acaso, depois de analisar as pesquisas mais recentes da população no Google Brasil, um levantamento da Bulbe Energia, plataforma de energia solar por assinatura, descobriu que, no último ano, dúvidas relativas ao consumo energético de certos itens geraram mais de meio milhão de buscas online em todo o país, entre perguntas como “gasta muita energia?” e “quanto gasta de energia?” relacionadas a itens de uso diário.
Somadas, as variações dessas dúvidas chegaram a 691.080 idas aos mecanismos digitais entre abril de 2024 e abril de 2025. A maior parte das perguntas está concentrada em aparelhos de alta demanda, como fogão por indução, forno elétrico e ar-condicionado.
A dúvida está na cozinha
Forno elétrico, fogão por indução e airfryer estão entre os aparelhos que mais despertam dúvidas dos consumidores — e não é por acaso. De acordo com a empresa especialista, todos exigem alta potência para funcionar, já que precisam aquecer alimentos de forma rápida e eficiente. O fogão por indução consome, em média, 1.500 W.
Já o forno elétrico pode operar entre 1.000 W e 2.500 W, enquanto a airfryer, apesar do tamanho compacto, consome em média 1.800 W. Usados diariamente, esses eletrodomésticos têm peso significativo na conta de luz, especialmente em casas onde se cozinha com frequência.
Na sequência do ranking aparecem aparelhos voltados ao conforto térmico: ar-condicionado, ventilador ligado 24 horas, climatizador, ar-condicionado de janela e aquecedor. A presença desses itens entre os mais buscados reforça a preocupação dos brasileiros com os custos ao manterem a casa confortável em dias de calor intenso ou frio extremo.
O ar-condicionado, dependendo da potência e da eficiência do modelo, consome entre 1.000 W e 2.000 W. O climatizador, embora mais econômico, exige de 50 W a 200 W. Já o ventilador consome cerca de 75 W — mas seu uso contínuo pode gerar aumento relevante na fatura de energia.
Outros equipamentos chamam atenção justamente por parecerem inofensivos à primeira vista. É o caso de carregadores de celular deixados na tomada, transformadores antigos, televisores e até lâmpadas LED. Apesar de eficientes, as lâmpadas LED consomem entre 5 W e 15 W, e o hábito de manter aparelhos conectados sem uso representa desperdício. Um carregador em modo standby consome cerca de 0,26 W, e esse consumo, multiplicado por várias tomadas ao longo do mês, gera impacto real. Os transformadores antigos também são vilões silenciosos: mesmo desligados, seguem consumindo energia.
Do mesmo modo, a televisão gera dúvidas recorrentes. O consumo pode variar de 13,5 W a 150 W, dependendo do tamanho da tela, da tecnologia (LED, OLED ou LCD), do brilho e do uso de recursos como streaming, Wi-Fi e Bluetooth. Um modelo LED de 43 polegadas, por exemplo, consome em média 60 W.
Como calcular o custo do consumo de energia?
Para entender o impacto dos eletrodomésticos na conta de luz, a Bulbe Energia realizou uma simulação baseada em três elementos principais: potência dos aparelhos, tempo médio de uso diário e o custo do quilowatt-hora (kWh). Foi considerado o uso estimado de 1 hora por dia para cada aparelho e o valor do kWh mais alto registrado no Brasil, R$ 0,937, para trazer uma referência de custo real.
De acordo com a simulação, o forno elétrico, com potência máxima de 2.500 W, é o eletrodoméstico com maior impacto na conta de luz entre os analisados: usado 1 hora por dia, consome cerca de 75 kWh por mês, o que representa um gasto de aproximadamente R$ 70,38.
Em seguida, o ar-condicionado e o aquecedor, ambos com potências de 2.000 W. Cada um consome 60 kWh ao mês, resultando em um gasto de cerca de R$56,31. Logo após, o uso do Airfryer por uma hora diária em um mês consome aproximadamente 54kWh, que corresponde a R$50,68. Com um consumo médio mensal de 45 kWh, o fogão por indução gasta mensalmente R$42,23.
Equipamentos menores ou com consumo mais baixo — como ventiladores (2,25 kWh), televisores (4,5 kWh), climatizadores (6 kWh) e lâmpadas LED (0,45 kWh) — geram despesas bem menores, variando entre R$ 0,42 e R$ 5,63 por mês, mesmo com uso diário.
Itens como carregadores na tomada e transformadores antigos, apesar do consumo muito baixo por hora, podem contribuir para o desperdício energético quando mantidos conectados constantemente.
Fatores que influenciam a variação da potência dos aparelhos
De acordo com a Bulbe Energia, as variações no consumo de aparelhos semelhantes se explicam por uma combinação de fatores: o tempo de uso, a potência nominal, o tipo de tecnologia empregada e as condições do ambiente em que o equipamento é utilizado.
Um fogão por indução, por exemplo, é eficiente no preparo dos alimentos, mas exige panelas específicas (com fundo magnético) e opera por indução eletromagnética, o que demanda alta potência. Já no caso do forno elétrico, o tipo de preparo e os ciclos de aquecimento também afetam diretamente o gasto.
O mesmo raciocínio vale para ventiladores, climatizadores e aquecedores: o tipo de funcionamento (aspersão, evaporação, resistência térmica), a presença de termostato, o tamanho do cômodo e o tempo de uso contínuo fazem toda a diferença. No fim das contas, a potência de um aparelho é apenas parte da equação — os hábitos de uso e as escolhas tecnológicas dentro de casa têm papel fundamental no impacto final da conta de luz.